terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Famalicão_ civilização castreja

Foi no primeiro milénio antes de Cristo que a cultura castreja se desenvolveu e expandiu pelo noroeste da Península Ibérica. Só no concelho de Vila Nova de Famalicão existem alguns, tendo sido identificados dezasseis castros da Idade do Ferro. Cinco já foram objecto de intervenção arqueológica, possibilitando um conhecimento do modo de vida dos povos castrejos.
. Castro da Boca I - Vale de S.Cosme
. Outeiro do Castro II - Vale S. Cosme
· Castro do Crinho - Vale de S. Martinho
. Estação Arqueológica da Lamela - S. Martinho
· Castro das Eiras - Pousada de Saramagos
· Castro de Ermidas - Jesufrei
. Sto Antoninho - Sezures
. Monte Redondo - Portela
· Castro do Facho - Calendário
· Castro de Penices- Gondifelos
· Castro de Santa Cristina - Requião
· Castro de Santa Tecla - Oliveira de Santa Maria e Mogege
· Castro de S.Miguel - Ruivães
· Castro de S-Miguel-o-Anjo - Calendário
· Castro de Vermoim - Vermoim

Famalicão_curiosidades da sua História

O dia da inauguração do caminho-de-ferro em 1875.
Relatos coevos dão-nos conta que a estação de Vila Nova de Famalicão, naquele dia de abertura, se encontrava ricamente engalanada, tendo sido o comboio real aguardado por três bandas de música que tocaram à sua chegada, e muita população presente, desejosa de ver a máquina e os seus ocupantes. O presidente da Câmara municipal, Sr. Barão da Trovisqueira, leu uma mensagem dirigida ao Augusto Monarca, dizendo em seu nome e dos municípes que representava, a alegria que sentia, não só do caminho-de-ferro passar pela nossa terra, mas também pela presença de suas Majestades Rei e Rainha de Portugal. Seguidamente o comboio partiu em direcção a Nine, onde nessa estação o aguardava, igualmente, uma banda de música e muito povo que recebeu entusiasticamente suas Majestades e os seus acompanhantes.

Famalicão_ figuras ilustres



Camilo Castelo Branco (1821- 1891), escritor que reparte com Eça de Queiroz a primazia dos romancistas Portugueses, residiu em S. Miguel de Ceide, onde se veio a suicidar com um tiro, no entanto, tem-se falado muito do desconhecimento que dele tinha Famalicão seu contemporâneo. Porém, uma proposta apresentada por Adriano Pinto Basto, na Câmara Municipal, em 1886, ainda em vida do escritor, pode ajudar a matizar esta visão.

Famalicão_ A lenda

A lenda de Famelião, datável da Idade Moderna e transmitida pelo Abade do Louro, Domingos Joaquim Pereira, na sua “Memória Histórica de Barcellos, Barcellinhos e Villa Nova de Famalicão”, publicada em 1865, está nessa linha de invenções populares provocadas pela necessidade de buscar uma explicação para a origem da povoação e para o topónimo da terra famalicense.
Habitualmente as lendas aproveitam factos verdadeiros ou verosímeis e urdem com eles narrativas fantasiadas.
A lenda:
Conta-se que um vendeiro de nome Famelião casou com uma criada dos condes de Barcelos, cujo nome era Motta, e os dois resolveram construir uma estalagem ou venda num local ermo, à beira da estrada Braga-Porto. Essa pousada, com acomodações para viandantes e muares, deu origem à povoação, que do nome do seu fundador se chamaria Famelicão. Também o nome da esposa ficaria gravado para a posteridade, pois que certo terreiro local se chamaria Largo da Mota, por nele ter existido um tal “ carvalho da Mota “, certamente por ter sido plantado pela mulher de Famelião.


Esta explicação é absurda, quer do ponto de vista etimológico, quer segundo os documentos históricos.


Que se retira da lenda do Famelião?
Há elementos verdadeiros, como por exemplo os relacionados com o desenvolvimento de uma povoação em torno de uma estalagem situada, provavelmente, à direita da via Braga-Porto, e a ideia de que a prosperidade da terra dependeu em parte de ser um centro de comunicações.
E quanto a Mota, que terá dado o nome ao Carvalho e ao Terreiro e depois à Praça?
Trata-se, naturalmente, de mais uma palavra, de cariz arcaico, cujo significado se perdeu nas brumas dos tempos, e daí se ter arranjado uma explicação criativa, de acordo com a imaginação popular, relacionando a terra com a existência de uma lendária criada.


Famalicão_ao encontro da sua História


Vila Nova de Famalicão foi um concelho rural que surgiu em 1205 através da carta de foral concedida por D. Sancho I, valorizando-se, assim, em termos económicos e populacionais, sendo a sua área geográfica abarcada por parte da actual freguesia de V. N. de Famalicão.
Em nome de Cristo e por sua graça. Amén.
Seja do conhecimento de todos os presentes e futuros que eu Sancho (I), por graça de Deus Rei de Portugal, juntamente com os meus filhos e filhas, outorgo carta de Foral aos homens daquele meu reguengo de Vila Nova, cujo rendimento é de 40 móios, o qual foral quero que seja estável e firme para aqueles povoadores e toda sua descendência por todo o sempre. Em primeiro lugar, mando que sejam 40 povoadores que tenham casas e terrenos e que trabalhem aquele meu reguengo e que dêem a terça e não mais. E das casas e terrenos dêem um bragal direito e mais nenhum foro; e este bragal seja pago de S. Miguel a S. Miguel. Todo o lucro que estes 40 povoadores obtiverem naquele reguengo possuam-no perpetuamente, por direito hereditário, e vendam-no com o seu foro a quem quiserem E não paguem senão as três 'calúnias’ que são impostas aos homens do hospital, com a diferença de que, em vez dos moios que eles pagam, estes devem pagar soldos. E tenham este foro todos os que aí habitarem...”

Carta de foral de Famalicão – 1205(adaptado)



Este foral foi confirmado por D. Afonso II em 1217, e, mais tarde, com D. Dinis, o concelho revestiu-se de dignidade real e foi valorizado com a criação de uma das mais antigas feiras do país. Em 1307 os documentos referem pela primeira vez o topónimo “Fhamelicam” e com os censos de 1527 já aparece “Vila Nova de Famyliquam”.

Foi centro da terra ou Julgado de Vermoim, pois, à medida que o castelo perdia a importância que tinha tido noutros tempos, ganhou-a Famalicão, ascendendo à condição de centro administrativo, judicial e religioso, vindo, com o tempo, a liderar várias freguesias circundantes.
Depois de em 1410 o Julgado de Vermoim ter sido integrado no termo de Barcelos, a autonomia de V. N. Famalicão manteve-se, assim como um certo crescimento económico e demográfico, porém, em termos políticos e administrativos declinou.

Com o final da guerra civil de 1832-1834 e dentro das reformas administrativas então encetadas pelo liberalismo, tornou-se sede de concelho em 1835.
Aquando da sua visita a Famalicão, em 1841, a rainha D. Maria II elevava esta terra à categoria de vila através de carta de Foral, argumentado: atendendo que na povoação de Famalicão concorrem as necessárias proporções para sustentar com dignidade o título de vila, tanto pelo seu comércio e subido o número de proprietários como pela grandeza dos edifícios, nos quais ultimamente se tem feito consideráveis melhoramentos”.
Onze anos depois, em 1852, volta a vila nova, inaugurando uma série de três visitas régias de que Famalicão foi alvo no decorrer do século XIX.
Só por volta de 1879 que se definiu a estrutura paroquial com os limites geográficos de hoje, embora com ténues variantes, de 49 freguesias.

Nos finais do século XIX começaram a instalar-se em V. N. de Famalicão fábricas e oficinas como a Boa Reguladora, Tipografia Minerva e fábricas têxteis em Riba D’Ave.

Os meios de transporte e comunicação desenvolveram-se imenso, tendo sido inaugurada em 1851 a estrada Porto-Braga e o caminho-de-ferro em 1875.
Em 14.08.1985 , assistimos à elevação de Vila Nova de Famalicão a cidade. Entretanto o crescimento populacional e urbanístico tem avançado imenso, tendo-se alargado o espaço urbano para as freguesias dos arrabaldes, nomeadamente Antas, Calendário e Gavião. As actividades do sector secundário são as que continuam a ocupar a maior parte da população famalicense, no entanto as do sector terciário têm vindo a ganhar algum terreno, enquanto no sector primário, sobretudo a actividade agrícola, se tem reduzido imenso.