terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Famalicão_ A lenda

A lenda de Famelião, datável da Idade Moderna e transmitida pelo Abade do Louro, Domingos Joaquim Pereira, na sua “Memória Histórica de Barcellos, Barcellinhos e Villa Nova de Famalicão”, publicada em 1865, está nessa linha de invenções populares provocadas pela necessidade de buscar uma explicação para a origem da povoação e para o topónimo da terra famalicense.
Habitualmente as lendas aproveitam factos verdadeiros ou verosímeis e urdem com eles narrativas fantasiadas.
A lenda:
Conta-se que um vendeiro de nome Famelião casou com uma criada dos condes de Barcelos, cujo nome era Motta, e os dois resolveram construir uma estalagem ou venda num local ermo, à beira da estrada Braga-Porto. Essa pousada, com acomodações para viandantes e muares, deu origem à povoação, que do nome do seu fundador se chamaria Famelicão. Também o nome da esposa ficaria gravado para a posteridade, pois que certo terreiro local se chamaria Largo da Mota, por nele ter existido um tal “ carvalho da Mota “, certamente por ter sido plantado pela mulher de Famelião.


Esta explicação é absurda, quer do ponto de vista etimológico, quer segundo os documentos históricos.


Que se retira da lenda do Famelião?
Há elementos verdadeiros, como por exemplo os relacionados com o desenvolvimento de uma povoação em torno de uma estalagem situada, provavelmente, à direita da via Braga-Porto, e a ideia de que a prosperidade da terra dependeu em parte de ser um centro de comunicações.
E quanto a Mota, que terá dado o nome ao Carvalho e ao Terreiro e depois à Praça?
Trata-se, naturalmente, de mais uma palavra, de cariz arcaico, cujo significado se perdeu nas brumas dos tempos, e daí se ter arranjado uma explicação criativa, de acordo com a imaginação popular, relacionando a terra com a existência de uma lendária criada.


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