quinta-feira, 12 de março de 2009

Famalicão_ BREVE HISTÓRIA DAS FEIRAS

Uma das mais melhores tradições Famalicenses são as feiras, criadas pelo foral de D. Sancho I, faziam-se quinzenalmente, e, desde o princípio do século XIII, foram um local de importantes trocas comerciais, para além de serem, desde sempre, um ponto de encontro de pessoas e de recolha e troca de informação.
“ (...) Mando que façais uma feira ao domingo, de quinze em quinze dias, e pagueis portagem como pagam em S. Pedro de Rates. E todos os que vierem à feira não serão penhorados ou retidos por ‘calúnia’ sobre qualquer acção cometida nesse dia.”

Carta de foral de Famalicão – 1205(adaptado)

A crise do séc. XIV também se reflectiu nestas feiras, no entanto, após esta crise, sobremaneira na primeira metade do séc. XVI, verificou-se um revigorar deste comércio quinzenal e, consequentemente, o desenvolvimento sócio-económico de Famalicão .
Em 1706, Famalicão que contava somente 100 fogos, era então sede do Julgado de Vermoim, pertencente à comarca e Barcelos, continuando a sua feira quinzenal e tinha já uma anual para gados no dia de S. Miguel.
O Abade Caetano José de Sousa Rebelo, em 1758, faz-nos uma descrição pormenorizada das feiras de V.N. que tinham lugar no campo da feira. Ora vejamos:
“Tem duas feyras grandes em cada anno, a saber, huma em dia de S. Miguel a oito do Mês de Mayo, que dura dois dias, a saber, o dia do Anjo, e o seguinte, e o outro em o dia da dedicação do mesmo anjo S. Miguel ... a vinte e nove de Setembro que dura também este dia, e o seguinte, as quaes feyras são francas para os do termo, e captivas para os de fora delle, vendesse e comprasse nellas, Bois, Vacas, Bestas, e sebados, em grande abundancia, a que concorre gente de longe, e alem disto se vendem varias mercancias; demais destas feyras tem mais outras feyras de hum dia cada huma, e são todas de quinze em quinze dias as quartas feyras, a saber, há nesta terra feyra todo o anno huma quarta feira sim, e outra não, tãobem francas para os do termo, e captiva para os de fora.”


Sabe-se que foi em 1837, mas não se conhece a data exacta, em virtude da destruição do livro 1º Actas, a decisão da Câmara Municipal de torná-la semanal. Porém, Santo Tirso desagradado, ter-se-á queixado que a sua feira era no mesmo dia e, por isso, se suspendeu esta pretensão. Entrou-se então num longo período de litígio e petições, até que numa Sessão de Julho de 1839 a Junta Geral do Distrito de Braga decidiu, finalmente, «que confirmava o estabelecimento do referido mercado semanal nos dias e cítios do costume», tendo sido registada em Alvará de 22 de Agosto deste mesmo ano.
Ora, o dito sítio seria no espaço pequeno, entre o Cruzeiro e a Capela de S. António, ou seja, no local em frente à actual Fundação Cupertino Miranda.
Com a conclusão da construção da estrada Porto–Braga por volta de 1850, a situação da feira foi novamente discutida.
Nos anos imediatos optou-se por destruir algumas barracas e nivelar o terreno de forma a conseguir melhoramentos no espaço onde se realizava a feira.
Foi ainda em 1853 que a Câmara procurou regulamentar e obrigar os comerciantes a ocuparem determinados sítios, a saber: os que vendiam fazendas brancas, capelistas e tendeiros iam desde o cruzeiro até à margem da nova estrada; os doceiros exporiam entre o cruzeiro até à curva em frente deste; os chapeleiros ficaram entre a esquina da casa de D. António Martins Branco até à esquina da capela; e logo a seguir os vendedores de sapatos. Quanto aos ourives, só lhes era permitida a venda no adro da Capela de Santo António.
Em 1859 foi lavrada e assinada escritura entre a Câmara e os proprietários para a cedência de terrenos, que logo pensou na construção de casas de habitação e, deste modo, aproveitar a excelente localização junto à estrada Porto-Braga.




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